segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

 

O dia em que eu conheci Jacinta Condorí

Em junho de 2019, depois de construir quatro Rabecas  para a Orquestra  Latino Americana juvenil de Valparaiso “ Chile”, eu retornei à Argentina através do Paso Fronteiriço Los Libertadores, passando por Mendoza e viajando de bus até a minha querida e sempre aconchegante Salta.

Alí em Salta me esperava uma grande amiga, Maria Soledad com a qual já havia programado uma oficina de Rabecas na escola onde ela leciona.

Maria iria me hospedar por um final de semana, enquanto não começassem os trabalhos, depois eu ficaria por conta da escola.


Acontece que nessa noite em que eu cheguei haveria uma festa na casa de uns amigos dela e eu fui avisado de que essa casa também servia como um centro cultural alternativo.

                                                      Os Anfitriões da noite

Chegamos a noite na tal casa onde havia uma exposição de pinturas em um enorme salão. 

Conheçam esse centro cultural no link abaixo   https://www.facebook.com/pucaraculturalsalta/?ref=page_internal

Fui apresentado aos anfitriões e a alguns artistas que iriam se apresentar nessa noite.

Quando adentrei em um dos quintais da casa, o coordenador de toda a festa estava às voltas com uma enorme fogueira e uma panela gigantesca, onde preparava um Locro “comida folclórica e coletiva típica da Argentina” Na verdade o Locro é apreciado em várias regiões e países, mas cada um tem a sua versão.


Mesas, cadeiras arrumadas e o pátio todo enfeitado para as apresentações da noite. Eu não me apresentei, nessa noite eu só queria apreciar e conhecer as pessoas.

No friozinho gostoso de Salta, apesar de cansado eu estava começando a relaxar, quando chegou em nossa mesa pratos fumegantes com o delicioso Locro cozido e no imenso quintal começaram a desfilar os artistas locais cantando e mostrando suas poesias.

Minha amiga Maria, me apresentou uma bela mulher, alta com olhos e  cabelos negros, com traços dos povos originários que se sentou pra comer com agente.

Essa figura alta e esguia, tinha a dignidade própria dos que se orgulham e cantam a sua história.

                                                      

                                                         Jacinta Condori e Maria Soledad

Jacinta Condori    https://www.facebook.com/profile.php?id=100022042507004


Depois de um desfile de  poetas, músicos e escritores, Jacinta Condori  deixou a nossa mesa e subiu ao palco pra cantar canções típicas de sua terra, acompanhada somente por um violão, depois cantou Coplas tocando uma Caixa Coplera.

Eu estava maravilhado com o ambiente, com a música com os novos amigos e gostei muito da apresentação da Jacinta que se apresentou vestindo um poncho cor de Vinho típico da província Saltenha. “Na Argentina cada província tem um poncho típico”.

Depois dessa noite, conversando com meus amigos Saltenhos e pesquisando na internet, descobri que Jacinta Condori é uma cantora muito respeitada e reconhecida nacionalmente.


Nascida nos Vales Calchaquies, essa cantora representa o canto do seu povo e vive numa região muito musical.

Pelo que me disseram, Jacinta condori vem de Cafayate, onde tenho também alguns amigos, como Daniel Dámico, grande músico e construtor de instrumentos musicais.

Cafayate é um local muito conhecido também por abrigar uma famosa escola de luthieria.

Essa pequena história, se junta a várias outras que guardo com carinho, pois o que mais me emociona ultimamente é viajar de bicicleta e conhecer pessoas com trabalhos autênticos e originais.


Um dia eu me sentei pra comer na companhia de Jacinta Condori, mas eu ainda não conhecia a sua grandeza

Hoje aqui em casa escutando sua bela música eu me orgulho de um dia te-la conhecido.

Mais uma artista na grande lista de amigos que eu tenho em Salta e Jujuy.