Instrumentos de arco tradicionais do Chaco Argentino
por Valmir Roza Lima
Pelo ou menos uma vez por ano eu passo pelo Chaco Paraguayo e Argentino a caminho do norte.
Às vezes em ônibus, outras vezes de bicicleta, mas sempre tenho um tempo
pra perambular pelas ruas de Resistência, Clorinda, Formosa e outras.
Quando cheguei em Resistência pela primeira vez, notei uma pequena rabequinha de lata, exposta pra venda num quiosque da rodoviária, em meio a alguns itens como facas, cuias e artigos de gauchos.
Achei que fosse algum tipo de artesanato, e não dei muita atenção, pois a rabequinha era muito pequena e dificilmente seria tocada por alguém.
Eu teria de permanecer em Resistência até o dia seguinte pra embarcar num ônibus que me levaria a Salta, e então fui pro centro passear pela cidade. Precisando de uma internet pra me comunicar com a Sandrinha, fiquei sabendo que teria de ir até uma biblioteca na praça central, pois ali se poderia usar um computador sem nenhum custo.
Na porta dessa biblioteca, tinha um cartaz enorme com a foto de um homem tocando um instrumento igualzinho àquela pequena rabeca de lata que eu tinha visto na rodoviária.
. O cartaz fazia parte de uma campanha, onde vários outros cartazes,
espalhados pela cidade, chamavam a atenção para a cultura tradicional do povo
Quon.
Depois disso, eu passei a conversar com gente que entende desses povos tradicionais do Chaco.
Já voltei a essa região várias vezes, e sempre fico um tempo pra investigar essas coisas.
Descobri que só no Chaco Argentino existem quatro tipos de Rabeca tradicional, utilizadas por seis etnias diferentes ou mais, e nas cercanias das cidades ficam os bairros indígenas onde esses instrumentos são utilizados.
Os violinos de lata do Chaco são reconhecidos pelos pesquisadores e
historiadores que investigam instrumentos autóctones, como sendo a mais
original expressão da cultura Quon.
Dizem alguns que os povos do Chaco tocam esses violinos desde antes da
chegada dos Espanhóis, e que antes das latas, construíam o instrumento com
casca de frutas e crânios de animais.
Uma coisa é certa, a indescritível emoção de assistir esses tocadores na
periferia dessas cidades.
Claro que todas as minhas andanças e anotações estão guardadas e vão servir pra no futuro eu publicar, juntamente com outras informações, meu testemunho sobre os vários tipos de instrumentos de arco originários que encontro em minhas viagens pela America do Sul
Depois de passar pelo Chaco várias vezes, eu consegui o meu exemplar de Rabeca de Lata e trouxe para fazer parte de meu acervo particular. Essa eu posso mostrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário