quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Viagem a "La Quabrada"  por Valmir Roza Lima     parte 4               


                              Tumbaya à Tilcara     

                                  

Uma coisa importante a se dizer, é que desde a subida da serra de Barcenas, até a manhã em que eu saí de Tumbaya, eu ainda não tinha tomado um banho.
Depois de subir 6 horas de serra, no camping e eu não consegui manejar o aquecedor dos chuveiros que é uma mistura de eletricidade com gás,e não tinha ninguém pra me ajudar, o camping estava deserto, só vi os donos na entrada, depois sumiram.E tomar banho frio nessa altitude, sem chance....é um gelo.

Enfim, estava na estrada  pedalando rumo ao Norte novamente, parei num tipo de trevo pra fazer o café da manhã ,chá com pão e um tipo de queijo bem salgado.Não gosto de fazer os desajuños no camping, pois parece que estou perdendo tempo, gosto de comer na beira da estrada, pois é comer e começar a pedalar de novo.
Essa parte da viagem é tranquila e muito fácil, pois as cidades são próximas umas das outras, apesar da altitude, as estradas são retas com poucas subidas,e o pior já passou.

Passei direto pela entrada de Purmamarca, pois já conhecia o povoado , a Costa de Lipan e o deserto de sal...estava muito cedo e eu estava gostando de pedalar no sol manso da montanha.
Cheguei em Maimará pela hora do almoço, como sempre, fiz um lanche na entrada do povoado aproveitando a sombra das arvores.
O meu sistema de alimentação era o seguinte...com um fogareiro pequeno feito por mim mesmo, eu fazia chá com pão pela manhã, nunca almoçava, só comia frutas ou lanche e voltava a cozinhar sempre na janta.
O combustivel eu trouxe de casa, e eu mesmo quem fiz . Peguei aquelas bolinhas de algodão que se  vende nas farmácias e numa pequena panela, derreti algumas velas, joguei as bolinhas de algodão na parafina derretida, deixei secar e guardei.,ficou umas bolinhas duras e cada bolinha dessas dá uns 30 minutos de fogo.
Apesar de gostar muito de Maimará, fiquei pouco tempo,pedalei mais umas duas horas e já estava em Tilcara.

















Em Tilcara, me instalei no camping "El Jardin" que fica atrás do terminal de bus, do lado mais barato da cidade.

De tanto ouvir radios Argentinas, eu sabia que em Tilcara morava uma das mais importantes artistas, folclorista tocadora de vientos "flautas" da Argentina , que já era minha amiga de facebook mas eu queria conhece-la pessoalmente.

Pelo facebook entrei em contato com ela e pra minha sorte ela estava em Tilcara. Me passou o seu endereço e disse que poderia me receber na tarde do dia seguinte.

Micaela Chauque é uma mulher Coya muito bonita e muito respeitada na Argentina , pois é uma profunda conhecedora do folclore de sua gente e já vem de familia, pois seu pai dirige casas de cultura desde que ela era pequena.

Consegui encontrá-la ,conversamos uma tarde inteira sobre folclore,música e quando tirei minha Rabeca e toquei pra ela, ela foi lá pra dentro e trouxe uma Rabeca de lata que ela mesmo construiu, eu fiquei maravilhado e pedi permissão pra tirar uma foto.

Rabeca pra essa gente da tradição é uma coisa comum, pois esses paises foram colonizados por rabequeiros, por isso estou sempre por lá.

Essa tarde com Micaela Chauque reforçou ainda mais a minha admiração pela cultura originária.




                                                               








Valmir Roza Lima



Nenhum comentário:

Postar um comentário